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Análise de DNA identifica autor de crime em Pelotas

Homem condenado por outro delito forneceu material genético para o IGP dentro da prisão

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perito criminal em frente a equipamento
Amostra de DNA do preso foi comparada a material genético coletado na cena do crime - Foto: Carlos Ismael Moreira/SSP
Por Ascom/IGP
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Confira a transcrição da matéria em áudio

transcrição da matéria em áudio Crédito: Angélica Coronel/narração

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A perícia do IGP conseguiu apontar o autor de um crime, que ficou encoberto por quase sete anos. O caso aconteceu em 21 de junho de 2015, no município de Pelotas. Um homem de 65 anos foi encontrado morto dentro de um quarto de motel, com marcas de violência. Testemunhas viram um homem jovem fugindo do local.

A primeira análise genética do caso aconteceu pouco depois do fato. Amostras de sangue, de material subungueal e anal da vítima e objetos presentes na cena do crime foram analisados. A comparação do material genético de um preservativo usado no quarto com o do primeiro suspeito apontado pela Polícia Civil - o que poderia indicar a presença dele no quarto do motel - não apresentou coincidência. Três anos depois, outros dois suspeitos tiveram o DNA comparado com o material coletado. Porém, o resultado também foi negativo.

Perita colega material da saliva de um apenado e outra perita faz anotaçoes
Mais de 11 mil apenados já tiveram material genético coletado - Foto: Divulgação/IGP

A autoria começou a ser esclarecida em agosto de 2021, quando o IGP realizou a coleta de material genético entre apenados no Presídio Regional de Pelotas. Amostras de saliva dos detentos do local foram coletadas e inseridas no Banco Nacional de Perfis Genéticos (BNPG). O DNA retirado do preservativo em 2015 já estava no Banco. O cruzamento do material de um dos condenados que estava no presídio com o DNA do preservativo revelou quem estava no quarto com a vítima. “Estamos trabalhando com uma das ferramentas mais avançadas do mundo na identificação de autores de crimes. Qualquer crime que deixe algum vestígio biológico do agressor tem potencial para ser analisado e inserido no Banco e confrontado com qualquer outro vestígio criminal (anterior e futuro) ou apenado que se enquadre na Lei que prevê a coleta” afirma Gustavo Kortmann, chefe da Divisão de Genética Forense. O autor do crime segue preso no Presídio Regional de Pelotas (PRP), onde cumpre pena por um latrocínio ocorrido em 2016. 

Desde 2018, peritas criminais da Divisão de Genética Forense do Departamento de Perícias Laboratoriais do IGP percorrem as cadeias e penitenciárias do Estado, realizando a coleta do material em condenados por crimes contra a pessoa, como homicídio, roubo, lesão corporal, extorsão mediante sequestro e estupro. Atualmente, mais de 11300 amostras de condenados já fazem parte do Banco. Em abril do ano passado, foi assinado um Termo de Cooperação para facilitar o trabalho pericial dentro das casas prisionais (leia aqui).  

Equipamento
Vestígios de crimes sexuais estão sendo processados em equipamento - Foto: Gregori Bertó/SSP

Por outro lado, a Divisão tem hoje cerca de sete mil vestígios coletados em cenas de crime ou no corpo das vítimas de crimes sexuais. São amostras de sêmen e objetos como calcinhas e cuecas, de ocorrências que não tinham suspeito apontado – logo, não haveria com o que fazer a comparação. A chegada de um novo equipamento - o Hamilton Autolys STAR – em 2020 permitiu que a Divisão implementasse uma rotina de processamento paralelo desses vestígios de casos sem suspeitos, possibilitando a inserção mais rápida destes perfis genéticos no Banco, justamente com o objetivo de fazer o cruzamento com o material dos apenados. O equipamento permite processar 42 amostras de vestígios sexuais simultaneamente de forma automática. A expectativa é que mais crimes como estes possam ser elucidados. “Sabemos que autores de crimes sexuais estão entre aqueles que mais reincidem. Estima-se que apenas 10% dos crimes sexuais sejam notificados à polícia. Destes, apenas uma parcela chega até a perícia criminal. Logo, inúmeros fatores contribuem para a reincidência dos agressores sexuais, que em quase 75% das vezes são pessoas próximas da vítima. Estamos trabalhando para que essa pequena parcela de casos, que chega até a perícia criminal gaúcha, seja resolvida e que possamos contribuir substancialmente para a identificação desses agressores” afirma Gustavo. A inclusão dessas amostras para comparação iniciou no ano passado. Desde então, 945 vestígios sexuais já foram processados, dos quais cerca de 150 estão sendo inseridos no Banco de Perfis Genéticos neste e no próximo mês. 

IGP-RS