Vestígios de crimes sexuais cometidos em SC são processados pelo IGP
Equipe catarinense veio ao RS para conhecer equipamento que automatiza a extração de DNA
Publicação:
Confira a narração da matéria em áudio
Narração do texto Crédito: Narração: Tábata Kolling/Estagiária Ascom
DownloadCasos de estupro e violência sexual cometidos em Santa Catarina podem ser desvendados com a participação do Instituto-Geral de Perícias do Rio Grande do Sul. Os vestígios desses crimes, coletados no local ou junto às vítimas, estão sendo processados pela Divisão de Genética Forense do IGP/RS. A parceria integra a contrapartida pelo recebimento no IGP/RS de uma plataforma automatizada de grande porte (Hamilton Microlab Autolys SAE), que extrai o DNA presente nesses vestígios, de forma automatizada. O equipamento - um dos poucos existentes no mundo (está em uso nos Estados Unidos, São Paulo, Polícia Federal e no Rio Grande do Sul) - já ajudou na elucidação de casos semelhantes registrados no RS.
Agilidade no processamento - a meta é processar pelo menos 500 vestígios sexuais do estado vizinho. Os primeiros 41 vestígios já foram analisados – em 32 deles foi possível obter o perfil genético do agressor sexual. Esses resultados serão inseridos, pela Polícia Científica de Santa Catarina, no Banco de Perfis Genéticos catarinense - interligado ao Banco Nacional de Perfis Genéticos-, e cruzados com o material genético de apenados de todo o país, o que pode revelar a autoria de vários crimes. Outros 123 vestígios serão processados pela equipe gaúcha nas próximas semanas e enviados para SC. “O fato de SC ser um polo de turismo para viajantes de todo o país favorece que crimes sexuais praticados naquele Estado tenham eventualmente a participação de pessoas de outros Estados, inclusive do RS. A parceria entre os laboratórios favorece a integração técnica entre nossas instituições, e contribui para aumentar as elucidações de crimes interestaduais”, afirma o chefe da Divisão de Genética Forense (DGF), perito criminal Gustavo Kortmann. A doação do equipamento, pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), pretende fazer do IGP/RS um centro de referência e apoio logístico a peritos do DNA de outros estados.
Até agora, cerca de 1200 vestígios sexuais, coletados no RS, que estavam em estoque - ou seja, cuja investigação não chegou à identificação de suspeitos ou cujos suspeitos não forneceram material biológico para comparação genética, e que por isso não haviam sido processados - foram processados pela plataforma. O equipamento consegue automatizar quase todas as etapas do processamento de DNA de um vestígio, enquanto os peritos se dedicam a casos urgentes ou que possuem material disponível do suspeito para comparação. “A cada ano, o IGP/RS recebe cerca de 800 solicitações de perícias de crimes sexuais envolvendo o DNA. Desses, cerca de 300 são analisados, em virtude da complexidade da análise e do tamanho da equipe. Esse saldo negativo vai se somando anualmente e constituindo o que chamamos de “backlog de crimes sexuais”, cujas amostras ficavam refrigeradas aguardando o envio de suspeitos pela Polícia Civil, que poderiam nunca vir. Com o equipamento, parte da equipe passou a se dedicar ao processamento desse passivo”, esclarece o perito. Entre as diversas autorias de crimes sexuais já esclarecidas no Estado está a do caso Israel Pacheco de Oliveira. Ele foi a primeira pessoa inocentada e libertada da prisão no Brasil, quando o Banco de Perfis Genéticos do RS apontou a autoria do crime sexual, pelo qual ele estava preso, para outro indivíduo.
Além do processamento do backlog de vestígios sexuais dos Estados, o IGP/RS também realiza a coleta de DNA de condenados para inserção no Banco Nacional de Perfis Genéticos e de DNA de familiares de pessoas desaparecidas, para abastecimento do Banco de Perfis Genéticos de Pessoas Desaparecidas – ambos coordenados pela Senasp. Também está em implantação o projeto de Sistema de Gestão de Qualidade visando à acreditação dos laboratórios na ISO17025.