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Laudo da perícia contribui para criação de área de preservação ambiental

No Dia do Pampa, IGP comemora trabalho que ajuda a preservar o bioma

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Mesmo as áreas utilizadas para a agricultura podem se regenerar, apontou Laudo
Mesmo as áreas utilizadas para a agricultura podem se regenerar, apontou Laudo - Foto: Ricardo Aranha/Sema
Por Ascom/IGP

Um laudo do IGP, produzido em 2017, contribuiu para concretizar a criação de uma área de preservação no bioma Pampa, o segundo mais ameaçado do país. Apesar de ter sido prevista em um decreto de 1975, as áreas para regularização fundiária da Reserva Biológica São Donato só começaram a ser adquiridas este ano (veja aqui). Os primeiros 732 hectares foram adquiridos pela Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura.

A perícia atendeu pedido do Ministério Público do RS, após receber denúncia de uma associação de proteção ao meio ambiente de que o local – uma área de banhado de 44 quilômetros quadrados, entre os municípios de Itaqui e Maçambará, na fronteira oeste do Estado. 

O trabalho no local constatou que mais da metade da área (cerca de 22 km2) estava ocupada por atividades agropecuárias. A perícia encontrou uma rede de marachas – um tipo de taipa que ajuda a conter a água em lavouras de arroz - com 115 km de comprimento. Elas estavam instaladas nas porções norte e leste da Reserva, que correspondiam aos locais onde foram observadas plantações de arroz e criação de gado. As marachas possuem médio potencial poluidor e necessitam de licenciamento ambiental para serem instaladas. 

Também foi encontrada uma vala de dez metros de largura, e que percorria mais de treze quilômetros, desviando a água do banhado até um afluente do Rio Butuí, pertencente à bacia do Rio Uruguai. O Laudo concluiu que a vala servia para auxiliar na drenagem da área do banhado, e que as atividades agropecuárias ocorriam com o objetivo de conseguir lucro. “A presença da agricultura e da criação de gado nesta porção da área questionada, na ocasião do exame pericial, configurava-se como impedimento ou dificuldade de regeneração natural da vegetação nativa típica do local, representando dano direto à unidade de conservação”, conclui o documento. 

Para a perita criminal Cristina Fadanelli, responsável pelo Laudo, é gratificante saber que o trabalho contribuiu para mostrar que, mesmo após tanto tempo, ainda vale a pena implementar a Reserva. “Mesmo as áreas que estavam sendo utilizadas para a agricultura podem se regenerar, porque existe vegetação nativa nas áreas adjacentes”, afirma. Na época, Cristina atuava na Seção de Perícias Ambientais do Departamento de Criminalística, e foi a representante do IGP no grupo de trabalho criado pelo MP/RS para debater a criação da área preservada.

Riqueza natural - o Banhado São Donato é um dos últimos refúgios para a fauna e flora típicas do ecossistema de banhado do bioma Pampa, em toda a fronteira oeste do Rio Grande do Sul. No local são encontradas espécies vegetais como a grápia e a cabreúva, e aves como caboclinho-do-papo-branco, todas ameaçadas de extinção. O trabalho no local constatou que uma área de cerca de 21 km2 estava preservada ou em processo de regeneração vegetal.

Os banhados são um dos ecossistemas aquáticos mais ricos em biodiversidade. Eles fornecem alimento, abrigo e local para reprodução tanto para a fauna local, quanto para a fauna migratória. Também são responsáveis pelo armazenamento de água, controle de grandes inundações e estabilidade climática, já que, através do processo da fotossíntese, aprisionam o gás carbônico existente na atmosfera. Por outro lado, são um dos ambientes mais vulneráveis às perturbações ambientais e ameaças trazidas pelas atividades humanas. “O local é um ecossistema fragilizado. Se a Unidade de Conservação não fosse implementada, essa riqueza biológica poderia se perder”, complementa a perita.

IGP-RS