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Projeto quer desenvolver novos materiais para a papiloscopia

Parceria com a Ufrgs deve resultar em novos pós reveladores para impressões digitais

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Pó aplicado para revelar as impressões digitais é importado: expectativa é desenvolver tecnologia nacional - Foto: Divulgação/IGP
Por Ascom/IGP

Quando um papiloscopista chega a uma cena de crime, tem a missão de encontrar,  nas muitas superfícies  que possam ter sido tocadas, impressões digitais que comprovem a participação do criminoso. Para isso, o profissional conta com várias técnicas e materiais, como o pincel e o pó revelador que, espalhado pela superfície, mostra onde estão as impressões digitais. Agora, um projeto da IGP e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) pretende desenvolver novos reveladores. Eles podem ser uma alternativa para ampliar as chances de sucesso na obtenção das impressões digitais - que são uma prova pericial importante para o esclarecimento dos crimes.

O projeto vai começar estudando a sílica, um resíduo orgânico que surge após o processamento do arroz. A ideia é aproveitá-la e misturá-la a elementos magnéticos, dando origem a um novo produto. O magnetismo ajuda a depositar o pó no objeto com o mínimo de contato, preservando a digital que precisa ser revelada. Para melhorar o contraste e a definição das impressões digitais, vão ser usados corantes fluorescentes. Os pós fluorescentes são usados em laboratório, pois exigem luzes e filtros especiais para revelar a imagem.

O IGP vai participar dos testes, analisando as superfícies em que podem ser aplicadas e verificando o desempenho do novo material. O produto a ser desenvolvido deve aumentar as possibilidades de revelação das impressões digitais em locais de crime e também na Seção de Revelação de Latentes, do Departamento de Identificação do IGP. Em 2020, a Seção periciou objetos – como garrafas pet, latas de bebidas, elementos de munição e veículos -  referentes a 355 investigações de todo o Estado. “As características das superfícies - com porosidades e cores diferentes-  bem como a composição residual da pele definem a técnica e metodologia a ser utilizada. Com a pesquisa, teremos mais opções para ampliar as chances de êxito na detecção da prova papiloscópica”, afirma a papiloscopista Crisle Dillenburg, responsável pelo projeto no IGP.

Pó e pincel: ferramentas do papiloscopista para identificar participantes de crimes
Pó e pincel: ferramentas do papiloscopista para identificar participantes de crimes - Foto: Ascom/IGP
Redução de custos- atualmente, todos os pós reveladores usados pela perícia criminal no Brasil são importados. Uma empresa americana domina o mercado mundial. O desenvolvimento de novos materiais deve ajudar a reduzir a dependência do mercado estrangeiro e diminuir custos. “Ao final do projeto, empresas ou startups poderão começar a produção em larga escala”, afirma a professora do Instituto de Química da Ufrgs e uma das coordenadoras do projeto, Leandra Campo.

A proposta também carrega um importante benefício ambiental. A sílica, resultante do processamento da casca de arroz, leva cinco anos para se decompor. Neste processo, acaba gerando gás metano, e contribuindo para o efeito estufa na atmosfera. “Queremos aproveitar esse resíduo, que existe em abundância aqui no Estado. Mas outros produtos, como à base de açúcar e de celulose, por exemplo, também serão testados”, informa a professora.

O projeto “Materiais híbridos magnético-fluorescentes: síntese e aplicação de reveladores de impressões digitais” é um dos 17 vencedores de um edital lançado pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), para desenvolvimento das ciências forenses no país. O financiamento, de 400 mil reais, prevê quatro anos de pesquisa nos Institutos de Química e Física da Ufrgs. A proposta foi uma das primeiras aprovadas pela Comissão de Pesquisa do IGP, criada em 2020 com o objetivo de analisar os projetos de estudo científico que envolvam a instituição. O Instituto Nacional de Identificação (INI) e o Instituto de Identificação da Polícia Federal também são instituições associadas. “A ampliação da pesquisa científica, em uma instituição baseada na ciência, além da qualificação, permite o crescimento da instituição no cenário forense” afirma Crisle.

IGP-RS