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Perita do IGP participa de análises em Brumadinho

Trabalho ajuda a caracterizar crime ambiental. Tragédia completa três meses hoje.

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Foto cedida por DITEC/DPF
Por Ascom IGP

Do alto do helicóptero, a imagem parecia com a de algumas fitas enroladas no chão. Chegando mais próximo, a constatação de que se tratava de metros de asfalto, retorcido pela força da lama que se espalhou. Essa é uma das lembranças mais fortes que a Supervisora Técnica do IGP, Cristina Barbieri, vai guardar dos cinco dias que passou em Brumadinho-MG. A cidade, a 58 quilômetros de Belo Horizonte, foi duramente atingida pelo rompimento da barragem de minérios da Vale, no dia 25 de janeiro deste ano. Ao lado de peritos da Polícia Federal e especialistas da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Cristina foi a única representante de um órgão estadual a participar da campanha de coleta de amostras para caracterização do crime de poluição ambiental causados pelo desastre. O objetivo do grupo de trabalho era caracterizar os rejeitos que estão poluindo o Córrego Ferro Carvão, ou Córrego do Feijão, como é chamado pelos moradores mais próximos. E, como consequência, avaliar a poluição que ameaça o rio Paraopeba, que até então abastecia de água e servia como local de pesca para os moradores de 35 cidades da região.

Cristina foi chamada para a missão em fevereiro. A primeira tarefa foi discutir como seria feita a amostragem. Era necessário conhecer o relevo e a hidrografia da região, para definir os melhores pontos de coleta. Para isso, os peritos utilizaram mapas hidrográficos e imagens obtidas com drones após o rompimento. No dia 20 de março, foram feitas as primeiras coletas, por terra. Para parte da equipe o trabalho teve uma dificuldade extra: alguns locais estavam inacessíveis, por causa da instabilidade do solo. A solução foi usar um helicóptero para conseguir o material para estudo. As amostras foram retiradas de toda a extensão do córrego Ferro Carvão, desfigurado pelo fluxo e acúmulo de rejeitos. As águas, agora turvas, exibem altos níveis de metais pesados: ferro, níquel, mercúrio, cádmio. A morte do córrego e a degradação do rio são indícios fortes do crime de poluição ambiental, que poderá ser comprovado através da perícia. Os resultados ainda não foram divulgados.

EXPERIÊNCIA- A trajetória profissional e acadêmica de Cristina na área de amostragem ambiental foi determinante para que a colega do IGP participasse do trabalho em Minas Gerais. A tese de Doutorado “Caracterização de crime ambiental de poluição por meio de abordagem multiparamétrica e incorporando incerteza de amostragem”, defendida em 2015, na Universidade de São Paulo (USP) resultou em artigo publicado no Forensic Science International, periódico que reproduz as principais pesquisas do meio forense. “É preciso conhecer essas incertezas, para fazer a interpretação correta dos resultados”, afirma Cristina.

Além das lembranças, Cristina trouxe na bagagem de volta para Porto Alegre outras experiências, que podem ser aproveitadas pelo IGP. A principal é a qualidade do trabalho em equipe, mais forte até do que a força da lama. “Tanto nas discussões técnicas como no relacionamento interpessoal e nas questões logísticas, o trabalho fluía sem gargalos. Sempre podemos aprimorar isso em nosso ambiente de trabalho e quem sabe buscar reforçar esses conceitos na formação e nas capacitações dos servidores”, conclui ela.

IGP-RS