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Coletas de DNA no mutirão ultrapassam resultados dos últimos três anos

Amostras genéticas serão agora processadas para buscar a identificação de corpos

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Mais de duzentas pessoas procuraram o IGP na semana do mutirão
Mais de duzentas pessoas procuraram o IGP na semana do mutirão - Foto: Ascom/IGP
Por Ascom/IGP
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Mutirão de coleta no Estado

Mutirão de coleta no Estado Crédito: IGP RS

Um irmão, sumido há 33 anos. Um filho, que fugiu de uma clínica de reabilitação. Uma irmã gêmea, que desapareceu seis dias antes do aniversário de três anos do único filho. Essas são histórias relatadas pelas pessoas que passaram pela Campanha Nacional de Coleta de DNA de Familiares de Pessoas Desaparecidas, organizada pelo Ministério da Justiça e Segurança e realizada, no Rio Grande do Sul, pelo IGP com apoio da Polícia Civil. Rosemary dos Santos Rodrigues, mãe de Henrique Rodrigues Figueira, desaparecido desde 2018, expressa bem o objetivo da campanha: "a expectativa é dar fim a essa busca ao meu filho. Se ele foi morto mesmo, como falaram na época, agora é a hora de ter essa resposta". 

Durante a semana de 14 a 18 de junho, as equipes dos Departamentos de Perícias Laboratoriais, Médico-legal e de Identificação do IGP se instalaram em vários locais da capital, região metropolitana e do interior do Estado (confira o quadro abaixo), para coletar o material genético dos parentes de pessoas desaparecidas. Ao todo, foram realizadas 188 coletas, mais de três vezes o número de amostras cedidas por familiares em 2020, quando 59 familiares procuraram o IGP. O resultado da semana de mutirão ultrapassa o total de coletas realizadas entre 2018 e 2020, quando 158 amostras foram armazenadas no Banco de Perfis Genéticos do IGP (BPG/IGP). “Conseguimos atingir o público em locais diferentes, e principalmente divulgar o serviço que realizamos. Não imaginávamos que a campanha tivesse o alcance que teve. Se tivéssemos coletado de dez famílias já teríamos ficado felizes" comemora a perita criminal Cecília Matte, administradora do BPG.

Dirley forneceu material genético: expectativa é acabar com a dúvida
Dirley forneceu material genético: expectativa é acabar com a dúvida - Foto: Ascom/IGP

O aposentado Dirley Ribeiro foi até o Parque da Redenção, em Porto Alegre, fornecer material genético para a coleta durante a semana da campanha. Ele procura o irmão Dilmar, que desapareceu há quatro anos em Macaé, no Rio de Janeiro, em 2017, quando tinha 65 anos. “A expectativa é a de todo familiar:  saber se foi a óbito, quando, onde. É terrível a sensação de não saber o que aconteceu”, conta ele, que elogiou a realização do mutirão.

Resultados –o material coletado terá um único destino: a inserção no Banco de Perfis Genéticos da Seção de Genética Forense do IGP, para ser comparado ao material genético de 501 corpos até agora não identificados no Estado. Como o número de coletas superou a expectativa, o processamento das amostras deverá começar em cerca de três semanas. Todos os confrontos positivos devem ser confirmados com reanálises, por isso os Laudos não são liberados de imediato. Em caso de identificação positiva, as famílias serão avisadas pela Polícia Civil. Se isso não acontecer, semanalmente são feitos novos cruzamentos, sem necessidade de uma nova coleta. Dependendo da qualidade da amostra do cadáver, os primeiros resultados podem ser conhecidos em 15 dias. Os perfis genéticos dos familiares também são inseridos no Banco Nacional de Perfis Genéticos, para cruzamento com os DNA´s de ossadas encontradas em todo o Brasil, o que aumenta as chances de identificação. Em todo o país, mais de quatro mil ossadas permanecem não identificadas. "Teremos um incremento muito significativo no número de famílias cadastradas no Banco. A expectativa é de que consigamos identificar uma boa parte dos Restos Mortais Não Identificados que já fazem parte no BPG, e assim, muitas famílias conseguirão encerrar um ciclo de angústia diária na busca do seu familiar", explica Cecília.

Alta procura comprovou a necessidade do serviço
Alta procura comprovou a necessidade do serviço - Foto: Ascom/IGP

A coleta de material genético para identificação de cadáveres é um serviço permanente, realizado nos Postos Médicos-legais do IGP em todo o Estado (confira a lista de PML's aqui). O confronto é tentado sempre que métodos como papiloscopia e identificação pela arcada dentária não possibilitam a identificação. Familiares de 1o grau da pessoa desaparecida (de preferência filhos, mas também pai e mãe ou irmãos) podem fornecer o material. Também podem ser levados itens de uso pessoal do desaparecido, como escova de dentes, escova de cabelo, vestes íntimas, aparelho de barbear, aliança, óculos, aparelho ortodôntico, dente de leite ou amostras de cordão umbilical. Antes disso, porém, é necessário registrar o Boletim de Ocorrência e solicitar o ofício de encaminhamento de coleta. Para mais informações sobre os exames utilizados para identificação, acesse https://igp.rs.gov.br/identificacao-de-individuos.

Ranking de identificações - o Rio Grande do Sul permanece em primeiro lugar no ranking da Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos, administrada pelo Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) e que reúne os dados enviados por 21 Estados e o Distrito Federal. O último relatório da Rede mostrou que, até maio deste ano, 35 restos mortais haviam sido identificados pelo IGP/RS por meio da comparação com o material genético doado por familiares.

Coletas realizadas durante o mutirão (14 a 18 de junho)

Local

Quantidade de coletas

Porto Alegre

 55

Alvorada

 19

Canoas

 14

Caxias do Sul

 11

Gravataí

 20

Novo Hamburgo

 8

Passo Fundo

 21

Pelotas

 6

Santa Maria

 5

São Leopoldo

 22

Viamão 

7

Total

 188

 

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