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Incêndio em creche de Uruguaiana completa 20 anos

Na Semana Nacional de Combate a Incêndios, perito que atuou no caso alerta sobre cuidados

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Doze crianças morreram. Laudo do IGP apontou as causas - Foto: G1
Por Ascom/IGP

      Fazia frio naquele 20 de junho do ano 2000. O Perito criminal Ruy Braescher Filho, a colega Katia Aparecida Kuiawinki e o fotógrafo criminalístico Antônio Carlos Ribeiro esperavam, no saguão do aeroporto Salgado Filho, a partida em um avião do governo do Estado. Dois médicos também aguardavam o embarque para outra missão, em uma aeronave mais potente. Foi quando duas figuras amistosas reconheceram o “tio Ruy”, o antigo professor de educação física. Eram piloto e co-piloto. A equipe do Departamento de Criminalística do IGP acabou embarcando antes e chegando mais rápido a Uruguaiana.

          O encontro foi um dos últimos motivos de satisfação daqueles dias para a equipe. O trabalho na creche municipal Casinha da Emília iniciou por volta das oito horas daquela mesma noite. Foi, segundo o perito Ruy, “a experiência mais traumática da minha vida”. Nem o incêndio da boate Kiss, anos mais tarde, impressionaria tanto o engenheiro civil. “Aquilo me marcou porque eram crianças”, explica ele.  

 Laudo pericial sobre o incêndio
Laudo pericial sobre o incêndio - Foto: Ascom/IGP
     Doze crianças, entre 2 e 3 anos de idade, morreram no incêndio na creche. O Laudo 2665/00, entregue à Polícia Civil sete dias depois da tragédia, apontou que um aquecedor de ambiente deu início ao fogo. “Havia muita desconfiança de que a porta de madeira que dava acesso à sala estivesse chaveada. Analisamos o material e concluímos que quando o incêndio começou ela já estava dilatada por causa da temperatura e da umidade relativa do ar, mas não com chave, o que impediria a abertura”, relembra o Perito.

 Lições e prevenção - a tragédia comoveu os gaúchos e mostrou a importância da prevenção contra incêndios em ambientes públicos e privados. Com a experiência de quem, mesmo aposentado, continua atuando junto a incêndios, o perito Ruy aponta um inimigo muito comum: o cigarro. Um levantamento feito nos Estados Unidos mostrou que 56% dos incêndios residenciais com vítimas fatais tiveram as bitucas mal apagadas como causa. Outro cuidado essencial é justamente o que causou a tragédia na fronteira gaúcha: não deixar crianças sozinhas. “Em situação de incêndio, crianças não têm maturidade para tomar decisões em relação a como proceder, dificultando inclusive o seu salvamento” explica a Diretora do Departamento de Criminalística do IGP, Sheila Wendt. Cabe à equipe de Incêndios do DC realizar os exames periciais em locais de incêndio, explosões, desabamentos e acidentes de trabalho relacionados à construção civil, revelando as causas dos sinistros.

Confira outras dicas do IGP para evitar incêndios:

EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS

* Nunca deixe ventiladores, aquecedores, ou outros equipamentos elétricos ligados sem que haja alguém acompanhando seu funcionamento.

* Não utilize ventiladores próximos a cortinas ou outros objetos que possam travar o movimento da hélice.

* Aquecedores de ambiente devem ser posicionados afastados de estofados, cortinas e tapetes.

* Nunca posicione equipamentos elétricos sobre superfícies de fácil combustão, como tecidos e papéis, especialmente durante o carregamento de bateria, como aparelhos celulares e notebooks.

* Evite deixar equipamentos em “stand by” quando se ausentar de casa (ex: televisores, sintonizadores NET e Sky).

* Nunca utilize diversos equipamentos elétricos ligados em conectores tipo “T” ou réguas cujo consumo elétrico ultrapasse a capacidade nominal desses dispositivos.

* Nunca use extensões elétricas sob tapetes ou atrás de móveis.

* Nunca use aparelhos elétricos para mosquitos próximos a materiais que queimem com facilidade.

* Verificar periodicamente se há cheiro de queimado em equipamentos ou conexões apresentando aquecimento.

CIGARRO

*Nunca fume na cama.

*Apague totalmente o cigarro antes de colocá-lo no lixo.

*Certifique-se que as baganas estejam apagadas antes de esvaziar o cinzeiro na lixeira.

VELAS

*Velas devem ser usadas afastadas de materiais que queimem com facilidade, como cortinas, e usadas sobre base que garanta a estabilidade, como castiçais de base larga ou pratos largos.

GÁS DE COZINHA

* Instale o botijão de gás em área externa ou ventilada.

* Se sentir cheiro de gás, ventile imediatamente o local abrindo portas e janelas. Não acenda fósforos, acendedor elétrico do fogão ou ligue a luz.

* Usar mangueira própria para instalação de gás com validade em dia.

* A mangueira de gás de plástico não deve passar atrás do fogão. Se estiver instalada passando atrás do fogão, certifique-se que ela não esteja prensada entre o fogão e a parede.

* Nunca instale fogareiros diretamente na válvula de saída dos recipientes do tipo P13.

FOGÃO

* Não instale cortinas ou deixe panos de prato nas proximidades do fogão.

* Ao se ausentar de casa, confira sempre se não ficou alguma panela no fogo.

* Mantenha sempre a porta da câmara de fogo do fogão à lenha fechada durante seu uso.

* Nunca tente apagar fogo em óleo de cozinha com água. As chamas devem ser abafadas.

LAREIRA

* Proteja a boca da câmera de queima da lareira com uma tela. A, queima da madeira durante o uso pode projetar fragmentos incandescentes e atingir tapetes e estofados, mesmo que aparentemente esteja apagado

IGP-RS